quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Música afro-brasileira 2

         Quando os portugueses começaram a comprar ou capturar africanos e trazê-los para serem escravizados no Brasil, trouxeram também muitas coisas da cultura africana para o nosso território. Os escravos que vinham da África não eram todos de um mesmo povo; falavam várias línguas, tinham diferentes religiões, comidas próprias e aparências diferentes. Essa diversidade de costumes acabou influenciando a formação da cultura brasileira e chegando até nós de diferentes formas.
 
A MÚSICA
     Os povos africanos em geral têm o costume da música e da dança muito presente. Escravizados, eles trouxeram isso para o Brasil.
    Eles nos deixaram como herança muitos instrumentos musicais que são usados até hoje em diferentes tipos de música e também nas religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé. Vamos falar sobre elas mais na frente.
  Muitos dos instrumentos de origem africana são de percussão:
 
Atabaques
 
 
         Ganzá, um tipo de chocalho
 
Tamborim
 
 
Zabumba
 
Berimbau
 
Além dos instrumentos musicais em sim, a presença africana influenciou a música brasileira, criando muitos dos ritmos que fazem parte do nosso repertório até hoje. Vamos ouvir alguns deles agora:
 
O samba de raiz:
 
O samba partido alto:
 
E o samba de roda são alguns dos exemplos dessa herança musical africana:
 
UM POUCO DA HISTÓRIA DO SAMBA
“Samba” é uma palavra que vem, provavelmente, da língua angolana. No começo, usava-se a palavra “samba” para a música dos escravos de um modo geral, mas é só a partir de 1916 que o gênero musical samba passa a existir oficialmente. Foi nesse ano que o primeiro samba, chamado “Pelo Telefone”, foi gravado:
 
Naqueles tempos, o samba ainda era um ritmo marginalizado, coisa que “gente decente não ouvia, nem dançava”. Locais onde havia rodas de samba eram invadidos pela polícia e os presentes, presos. Tudo porque samba era “coisa de negro” e, na visão da época, tudo o que era parte da cultura dos negros deveria ser reprimido pelas autoridades. Um desses locais onde as pessoas se reuniam era a casa da Tia Ciata, uma negra baiana muito famosa na época. Em sua casa, a cultura africana tinha espaço e lá se tocava e dançava o samba, além de as pessoas poderem praticar o candomblé.  Vamos conhecer um pouco sobre a Tia Ciata e o começo da história do samba com esse vídeo:
 
 
Fonte:

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Música Afro-Brasileira

"A capoeira é amorosa, não é perversa. É um hábito cortês que criamos dentro de nós, uma coisa vagabunda. (Mestre Pastinha)"


  • não-ocidental
  • de tradição oral
  • ligada a acontecimentos
  • forte presença de canto
  • associada a movimento
    Os sons musicais se repetem no tempo e têm:
    duração = tempo
    intensidade = mais forte ou mais fraco
    altura = mais grave ou mais agudo
    timbre = origem

    Músicas são seqüências de sons musicais e também apresentam propriedades, como:
    compasso = divisão em pequenas partes
    andamento = velocidade
    ritmo = seqüência de sons e pausas

        Mas o pesquisador Tiago de Oliveira Pinto nos lembra que música é uma abstração cultural, portanto sua produção e seu entendimento diferem entre os grupos humanos. Conta que Mestre Vavá do Recôncavo Baiano, ao comentar um jogo de capoeira, dizia: "Aí o berimbau muda a tonalidade", o que significava mudar o toque do berimbau e assim, com um novo movimento no instrumento, provocar uma mudança no jogo.

    Palavras como tom, escala, ritmo e harmonia podem ter significados diferentes quando utilizadas na teoria musical européia ou quando utilizadas em outros locais e condições, ou outras culturas.
    John Baily, também pesquisador, ressaltou a importância dos movimentos na musicalidade africana. São os movimentos possíveis nos instrumentos que geram "tons" e uma escala acústica, diferentes da sonoridade escrita em partituras de música ocidental européia.

    Na música africana e afro-descendente os movimentos do corpo humano criados ou descobertos por cada músico perante determinado instrumento, cuja forma impõe limitações, resultam na estrutura musical e nos padrões de movimento atingidos por virtuosismo e técnica.
    Outro estudioso, Gerhard Kubik, já havia se interessado em pesquisar a música africana e afro-brasileira a partir de padrões. Encontrou, entre africanos e no Brasil, padrões rítmicos semelhantes, como, por exemplo, aqueles executados em um tipo de instrumento de um conjunto para orientar os outros músicos e dançarinos no tempo da música. Com isto propôs mais uma confirmação para a origem banto do samba-de-roda, com o qual a capoeira tem ligações.

    Fontes:
    Gerhard Kubik. Angolan traits in black music, games and dances of Brazil; a study of african cultural extensions overseas. Lisboa: Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1979.
    John Baily. Music structure and human movement. In P. Howell; I. Cross; R. West (eds.) Musical structure and cognition. London: Academic Press, 1985.
    Osvaldo Lacerda. Teoria elementar da música. 4 ed. São Paulo: Musicália, 1976.
    Tiago de Oliveira Pinto. Som e música. Questões de uma antropologia sonora. Revista de Antropologia v.44 n.1, São Paulo, 2001.

    Fotos:
    Grupo Nzinga de Capoeira Angola, 2001.

    Racismo No Brasil


    Racismo no Brasil é, no mínimo, uma atitude de ignorância as próprias origens. Qual é o antepassado do "verdadeiro brasileiro"? Indígena (os primeiros povos a habitar a terra do ‘Pau Brasil')? Os negros (que foram trazidos para trabalhar como escravos e, ainda, serviram de mercadoria para seus senhores)? Os portugueses (que detém o status de descobridores desta terra)? Porém, pode ser a miscigenação de todas as raças, como vemos hoje? Afinal de contas, aqui se instalaram povos de todos os lugares do mundo. Portugueses, espanhóis, alemães, franceses, japoneses, árabes e, ultimamente, peruanos, bolivianos, paraguaios, uruguaios e até argentinos vivem neste país que hospitaleiro até demais com os estrangeiros e, muitas vezes, hostil com sua população.

                Atualmente, a população brasileira faz parte do ‘vira-latismo' mundial. Quantas pessoas mestiças nascidas no Brasil você conhece ou, pelo menos, já viu? Quantas vezes você ouviu alguém dizer que..."meu avô era africano, minha avó espanhola", ou então..."meu pai é japonês e minha mãe é árabe"? Quando representantes ‘tupiniquins' participam de eventos esportivos ou sociais, o que vemos são pessoas de diferentes raças, mas apenas um sangue, somente uma paixão, o Brasil.

     O que existe por aqui é muito racismo camuflado e que todo mundo faz questão de não enxergar. Os alvos, mesmo que inconscientemente, sempre são os mesmos. Negros, mestiços, nordestinos, pessoas fora do padrão da moda, ou seja, obesos, magrelas, altos demais, baixos ou anões e, principalmente, os mais pobres sofrem com a discriminação e não conseguem emprego, estudo, dignidade e respeito. Estes não têm vez na sociedade brasileira!

                Para exemplificar isso, basta visitar as faculdades, os pontos de encontro (como bares, danceterias, teatros e cinemas) ou, até mesmo, se tiver mais coragem, verificar o revés da história, ou seja, favelas e presídios. Claramente, nesses lugares, este racismo hipócrita e camuflado vem à tona e causa espanto em muitas pessoas que não ‘querem' encarar a verdade dos fatos.

                            Segundo a Constituição Brasileira, qualquer pessoa que se sentir humilhada, desprezada, discriminada, etc...por sua cor de pele, religião, opção sexual...pode recorrer a um processo judicial contra quem cometeu tal atrocidade. Mas, neste país, a verdade é que ninguém encara isto seriamente e quando atitudes idênticas a do jogador Grafite, do São Paulo Futebol Clube, acontecem causa estranheza nas pessoas. Grafite está errado em exigir seus direitos? Certamente, não! Mas, na verdade este fato deve ser de alento para que todos lutemos por vagas nas faculdades públicas, trabalho e, conseqüentemente, respeito! Porém, sem ter de passar pela humilhante condição de "cotas para negros" ou programas de televisão sensacionalistas que exploram a distinção racial e social para ganhar audiência. A cota tem de estar disponível para quem não tem condições de cursar uma faculdade paga. Mas, para que isto ocorra é necessário que haja uma reforma no ensino, com o objetivo de se melhorar e valorizar as escolas estaduais e municipais, para que seus alunos possam "brigar" por vagas em universidade gratuitas. A somatória de notas pela vivência escolar pode ser uma solução para o caso, contudo, mesmo assim, tem de acontecer uma reconstituição de educação no Brasil.

    Vídeo sobre Música e Dança Afro-Brasileira

     
     
     
          A música criada pelosafro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana  com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos.
    Fonte: You Tube

    Roda de capoeira


    A roda de capoeira é um círculo de capoeiristas com uma bateria musical em que a capoeira é jogada, tocada e cantada. A roda serve tanto para o jogo, divertimento e espetáculo, quanto para que capoeiristas possam aplicar o que aprenderam durante o treinamento.
    Os capoeiristas se perfilam na roda de capoeira cantando e batendo palmas no ritmo do berimbau enquanto dois capoeiristas jogam capoeira. O jogo entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do tocador de berimbau ou quando algum outro capoeirista da roda compra o jogo, ou seja, entra entre os dois e inicia um novo jogo com um deles
    Em geral, o objetivo do jogo da capoeira não é o nocaute ou destruir o oponente. O maior objetivo do capoeirista ao entrar em uma roda é a queda, ou seja, derrubar o oponente sem ser golpeado, preferencialmente com uma rasteira. Na maioria das vezes, entre o jogo de um capoeirista mais experiente e um novato, o capoeirista experiente prefere mostrar sua superioridade marcando o golpe no oponente, ou seja, freando o golpe um instante antes de completá-lo. Entre dois capoeiristas experientes o jogo poderá ser muito mais agressivo e as consequências mais graves.
                A ginga é o movimento básico da capoeira, mas além da ginga são muito comuns os chutes em rotação, rasteiras, floreios (como o aú ou a bananeira), golpes com as mãos, cabeçadas, esquivas, acrobacias (como o salto mortal), giros apoiados nas mãos ou na cabeça e movimentos de grande elasticidade.
     
    Ficheiro:Roda de capoeira1.jpg

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira

    Capoeira Atualmente


    Hoje em dia, a capoeira se tornou não apenas uma arte ou um aspecto cultural, mas uma verdadeira exportadora da cultura brasileira para o exterior. Presente em dezenas de países em todos os continentes, todo ano a capoeira atrai ao Brasil milhares de alunos estrangeiros e, frequentemente, capoeiristas estrangeiros se esforçam em aprender a língua portuguesa em um esforço para melhor se envolver com a arte. Mestres e contramestres respeitados são constantemente convidados a dar aulas especiais no exterior ou até mesmo a estabelecer seu próprio grupo. Apresentações de capoeira, geralmente administradas em forma de espetáculo, acrobáticas e com pouca marcialidade, são realizadas no mundo inteiro. 
      O aspecto marcial ainda se faz muito presente e, como nos tempos antigos, ainda é sutil e disfarçado. A malandragem é sempre presente, capoeiristas experientes raramente tiram os olhos de seus oponentes em um jogo de capoeira, já que uma queda pode chegar disfarçada até mesmo em um gesto amigável.
    Símbolo da cultura afro-brasileira, símbolo da miscigenação de etnias, símbolo de resistência à opressão, a capoeira mudou definitivamente sua imagem e se tornou fonte de orgulho para o povo brasileiro. Atualmente, é considerado patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.



    Fonte: http://www.mk3academia.com.br/capoeira.html
     
     

    segunda-feira, 12 de agosto de 2013

    Capoeira



    Raízes africanas
    A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.

    No Brasil
    Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.
    Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.
    A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.
    Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.
    Três estilos da capoeira:
    A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.
    Você sabia?

    - É comemorado em 3 de agosto o Dia do Capoeirista.

    Vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=fzGpAUWzhBw

    Fonte: http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/historia_da_capoeira.htm

    Jogos sobre África

    Links:
    1)http://www.unidadenadiversidade.org.br/jogos/trilha/trilha.html
    2)http://www.unidadenadiversidade.org.br/jogos/cubos/cubo.html
    3)http://www.unidadenadiversidade.org.br/jogos/bonecos/bonecos.html
    4)http://www.acordacultura.org.br/data/documents/storedDocuments/%7B3C1992DE-D6D9-409B-B257-8C78C9B57D7A%7D/%7B88B40AA2-D97E-4491-9B33-873AE74D9C78%7D/africa.swf


    Grupo Cultural AfroReggae

    Visite o site: http://www.afroreggae.org/

    MISSÃO
    Promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania.
    VISÃO

    O Grupo Cultural AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares.


    MuseuAfroBrasil

    Visite o site: http://www.museuafrobrasil.org.br/

    Acervo do Museu Afro Brasil


    O acervo está organizado a partir dos seguintes temas centrais e constituído de uma tipologia abrangente:
    África, Áfricas; Trabalho e Escravidão; Religiosidade Afro-brasileira; Festas: O Sagrado e o Profano; História e Memória; Arte do Século XVIII a Arte Contemporânea.

    1. África, Áfricas
    Caracterizado por obras que mostram a diversidade das culturas africanas e da arte por elas produzidas. Um dos objetivos centrais desse núcleo é o de enfatizar a competência das culturas africanas por meio das obras de arte que eram produzidas muito antes da escravidão atlântica. Outro importante objetivo é o de proporcionar a observação de características formais de abstração e síntese evidenciadas pelas obras de arte africanas sem, contudo, deixar de perceber a mão do artista, embora anônimo. Daí também a importância da presença de diversas obras de um mesmo povo. Nessa parte do acervo, encontram-se máscaras, esculturas, estatuetas, tecidos, joias, adornos, roupas eapliqués.
    2. Trabalho e Escravidão
    Trata do papel dos africanos escravizados e seus descendentes na construção da sociedade brasileira, como trabalhador essencial em todos os períodos do desenvolvimento econômico do País. A ênfase do núcleo é a competência tecnológica trazida pelas populações africanas que foram empregadas e adaptadas segundo as necessidades produtivas. A condição desse processo foi a violência brutal que impôs o domínio sobre o corpo e a alma do escravizado, suscitando, em contrapartida, diferentes estratégias de resistência, da rebelião aberta à silenciosa, além de inúmeras tentativas e conquistas negociadas. O visitante encontra ferramentas, equipamentos de ofício rural e urbano, instrumentos de castigo, gravuras, litografias, pinturas, esculturas, documentos históricos, fotografias e objetos do cotidiano.
    3. Religiosidade Afro-brasileira
    No Brasil, a escravidão colocou em contato as religiões de diferentes povos africanos, que acabaram por assimilar e trocar entre si elementos semelhantes de suas culturas. As religiões afro-brasileiras surgiram a partir da fusão de ritos de origem distintas e receberam nomes diferentes nas regiões do País. A relação com o catolicismo popular e com expressões religiosas indígenas também influenciou a formação de algumas dessas religiões. O núcleo evidencia as permanências e transformações africanas nas religiões afro-brasileiras. Neste núcleo, encontram-se ferramentas de orixás, roupas, esculturas, pinturas, gravuras, fotografias, objetos de culto, estatuetas, instrumentos musicais, máscaras e mobiliário.
    4. Festas: o Sagrado e o Profano
    Os africanos aqui escravizados acabaram por encontrar, no cristianismo que lhes foi imposto, espaços sociais para a preservação de suas culturas de origem. Este núcleo contém obras que destacam a apropriação pelos escravizados africanos e seus descendentes de celebrações festivas católicas, a partir da referência de suas culturas, permitindo-lhes preservar muitos de seus elementos, que se conservam ainda hoje no catolicismo popular e nas festas conhecidas como de expressão popular no Brasil. Isso está representado em máscaras, roupas, esculturas, mobiliário, adereços, santos, ex-votos, litografias, pinturas, fotografias, joias, balangandãs, instalações, estandartes e instrumentos musicais.
    5. História e Memória
    Procura resgatar como negro quem negro foi e quem negro é na história e na memória do Brasil. Reúne momentos nos quais personalidades negras se destacaram ou tiveram participação fundamental em diversas e diferentes áreas, da Colônia aos dias atuais. Assim, referencia ao público em geral, principalmente crianças e adolescentes, importantes nomes da história brasileira que foram ou são negros, através de fotografias, pinturas, documentos, esculturas e objetos.
    6. Arte do Século XVIII à Arte Contemporânea

    Este núcleo reúne obras da arte brasileira desde o Barroco e o Rococó, passando pelo século XIX, a Academia e os acadêmicos, bem como pelas artes de origem popular, ou arcaica e genuína, segundo Clarival de Valadares, para chegar à arte moderna, arte moderna geométrica, arte moderna figurativa e à arte contemporânea, sob a perspectiva da mão afro-brasileira na origem de sua criação. O visitante pode conferir pinturas, esculturas, gravuras, instalações, fotografias e documentos.

    Grandes Personagens Negros

    História
    Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, é símbolo da luta pelos direitos dos afrodescendentes; o jornalista José do Patrocínio é reconhecido por ser um abolicionista. João Cândido é o mestre-sala dos mares, foi o comandante da Revolta da Chibata, e é tema de um dos mais belos sambas-enredo do carnaval carioca ("Há muito tempo nas águas da Guanabara, um dragão do mar apareceu, na figura de um velho feiticeiro, que a história não esqueceu. Conhecido como almirante negro..."). Outro destaque é Cosme Besnto das Chagas, 'O Mulato Cosme', um dos líderes da Revolta da Balaiada, e outro herói negro pouco conhecido na história do Brasil.
    Esportes


    Grandes personalidades negras marcaram a história do esporte no Brasil. Pelé, que era  engraxate de sapatos aos 11 anos de idade, aos 17 foi campeão mundial de futebol e hoje é considerado o atleta do século 20, o rei do futebol. Grandes nomes de afro-brasileiros destacam-se no esporte; por exemplo, Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Grafite (futebol), Daiane dos Santos (ginástica), Maguila (boxe), Adhemar Ferreira da Silva e João Carlos de Oliveira, o 'João do Pulo' (salto triplo), Marta e Janeth (basquete), Fofão (vôlei), entre outros. No Brasil, os afrodescendentes são os mais premiados em praticamente todas as modalidades esportivas.
    Artes
    Nas artes, muitos negros se destacaram com obras belíssimas, como Aleijadinho, com suas esculturas em madeira e pedra-sabão; Agnaldo Manoel dos Santos, com suas esculturas de orixás; José da Paixão Silva, com suas gravuras que retratam a vida dura dos subúrbios; e o artista plástico Emanoel Araújo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e diretor do Museu Afro Brasil (SP).
    Literatura
    Na arte de escrever, também há grandes escritores, como João da Cruz e Souza, o principal poeta do movimento simbolista, e Carolina Maria de Jesus, que se tornou conhecida internacionalmente com o livro Quarto de despejo. Luiz Gama, Lino Guedes, Maria Firmina dos Reis, maranhense que escreveu o romance Úrsula, Solano Trindade, com suas várias poesias temáticas, Osvaldo de Camargo, Mestre Didi, que escreveu os Contos crioulos da Bahia, Abdias do Nascimento, escritor de textos para peças teatrais, Oswaldo de Camargo, Cuti e Cidinha da Silva, escritores da atualidade, e outros. Não podemos esquecer também dos grandes Machado de Assis e Lima Barreto, considerados mestiços.
    Música


    O compositor e instrumentista Pixinguinha foi um dos maiores flautistas de todos os tempos e responsável pela popularização de instrumentos musicais afros no Brasil; ele misturou a sucessão de sons eruditos de origem europeia com os ritmos negros brasileiros e norte-americanos, ou seja, fez uma mudança radical no som do Brasil. Outro destaque é Antônio Carlos Gomes, que criou a grande ópera O Guarani, baseada no romance homônimo de José de Alencar. Chiquinha Gonzaga tinha origem mestiça. Tia Ciata, cozinheira, mãe de santo e cantora, também era a  dona da casa onde alguns sambistas se reuniam e onde os músicos cariocas do começo do século 20 se encontravam com muita frequência. Os encontros e festas na casa da tia Ciata acabaram se tornando tradição para os sambistas. Ainda hoje, ela é venerada por muitas pessoas.
    Destacam-se também o cantor e compositor Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan, Seu Jorge, Sandra de Sá, Leci Brandão, Elza Soares, Negra Li, Alcione, Margaret Menezes e Paula Lima. Há também algumas outras cantoras que migraram para estilos musicais como o jazz, fugindo um pouco do samba, estilo musical antes reservado, na maioria das vezes, aos afrodescendente. São elas: Adyel Silva, Alaíde Costa, Arícia Mess, Áurea Martins, Eliana Pittman, Ivete Souza, Izzy Gordon, Leila Maria, Misty, Rosa Marya Colin, Virgínia Rosa e Zezé Motta. Muitas delas fizeram sucesso primeiramente no exterior, e só depois tiveram o reconhecimento no Brasil.
    Medicina e engenharia
    Não é só nas artes que os negros se destacaram; na medicina também, como o médico Juliano Moreira (1873-1932), que se tornou famoso por seu empenho na aprovação de leis de assistência aos doentes mentais, é pioneiro da psiquiatria no Brasil. Na engenharia, o destaque fica para os irmãos Rebouças. André Pinto Rebouças participou da construção do porto da cidade do Rio de Janeiro e das principais docas dos estados de Pernambuco, Maranhão, Paraíba e Bahia. Seu irmão, Antônio Pereira Rebouças, construiu a estrada de ferro Paranaguá–Curitiba.
    Grandes mulheres


    Dandara foi uma das grandes líderes do Quilombo dos Palmares ao lado de Zumbi e foi assassinada em combate contra os portugueses, em defesa do Quilombo dos Palmares. Há também grandes mulheres afrodescendentes com representação na política: Theodosina Rosário Ribeiro, a primeira deputada negra da Assembleia Legislativa de São Paulo, que lutou pelos interesses da comunidade negra; Antonieta de Barros, a primeira a assumir um mandato popular no Brasil; e Benedita da Silva, a primeira governadora negra do país.

    Nas artes, a atriz Ruth de Souza fundou o Teatro Experimental do Negro e já fez dezenas de peças, novelas e filmes. Zezé Motta, que representou Chica da Silva no cinema, hoje luta pela colocação de atores negros no mercado; Mercedes Baptista foi a primeira bailarina clássica negra do Brasil, tornando-se pioneira por fazer parte do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A lista é imensa: Chiquinha Gonzaga, Elisa Lucindo, Ruth de Souza, Isabel Fillardis, Léa Garcia, Taís Araújo, Gloria Maria, entre outras.

    Fonte: http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-2086-18409-,00.html

    Livros com Tema Afro-Brasileiro

    ·        A Galinha d’Angola: Iniciação e Identidade na Cultura Afro-Brasileira. Arno Vogel, Marco Antonio da Silva Mello, Rio de Janeiro: Pallas, 1993.
    ·        A Bahia de outrora: Livraria Progresso Editora, 3a. ed. Salvador, 1955 (1a. edição em 1916)
    ·        Contos de Nagô: Edições GRD, Rio de Janeiro, 1963
    ·        Porque Oxalá usa Ekodidé: Ed. Cavaleiro da Lua, 1966




    Filmes Afro-Brasileiros

    Besouro


    Besouro (Ailton Carmo) foi o maior capoeirista de todos os tempos. Um menino que — ao se identificar com o inseto que ao voar desafia as leis da física — desafia ele mesmo as leis do preconceito e da opressão. Passado no Recôncavo dos anos 20, Besouro é um filme de aventura, paixão, misticismo e coragem. Uma história imortalizada por gerações, que chega aos cinemas com ação e poesia no cenário deslumbrante do Recôncavo Baiano.
     Quando Manoel Henrique Pereira nasceu, não havia nem dez anos que o Brasil tinha sido o último país do mundo a libertar seus escravos. Naqueles tempos pós-abolição nossos negros continuavam tão alijados da sociedade que muitos deles ainda se questionavam se a liberdade tinha sido, de fato, um bom negócio. Afinal, antes de 1888 eles não eram cidadãos, mas tinham comida e casa para morar. Após a abolição, criou-se um imenso contingente de brasileiros livres, porém desempregados e sem-teto. A maioria sem preparo para trabalhar em outros serviços além daqueles mesmos que já realizavam na época da escravatura. E quase todos ainda sem a plena consciência de sua cidadania. O resultado desse quadro, principalmente nas regiões rurais, onde estavam os engenhos de açúcar e plantações de café, foi o surgimento de um grande contingente de negros libertos que continuavam, mesmo anos após a abolição, submetendo-se aos abusos e desmandos perpetrados por fazendeiros e senhores de engenho.
    Assim era sociedade rural brasileira de 1897, ano em que Manoel Henrique Pereira, filho dos execra-vos João Grosso e Maria Haifa, nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. Vinte anos depois, Manoel já era muito mais conhecido na cidade como Besouro Mangangá – ou Besouro Cordão de Ouro -, um jovem forte e corajoso, que não sabia ler nem escrever, mas que jogava capoeira como ninguém e não levava desaforo para casa. Como quase todos os negros de Santo Amaro na época viviam em função das fazendas da região, trabalhando na roça de cana dos engenhos. Mas, ao contrário da maioria, ele não tinha medo dos patrões. E foram justamente os atritos com seus empregadores – e posteriormente com a polícia – que deixaram Besouro conhecido e começaram a escrever a sua imortalidade na cultura negra brasileira.
                Há poucos registros oficiais sobre sua trajetória, mas é de se supor que a postura pouco subserviente do capoeirista tenha sido interpretada pelas autoridades da época como uma verdadeira subversão. Não por acaso, constam nas histórias sobre ele episódios de brigas grandiosas com a polícia, nas quais ele sempre se saía melhor, mesmo quando enfrentava as balas de peito aberto. Relatos de fugas espetaculares, muitas vezes inexplicáveis, deram origem a seu principal apelido: Mangangá é uma denominação regional para um tipo de besouro que produz uma dolorosa ferroada. O capoeirista era, portanto, “aquele que batia e depois sumia”. E sumia como? Voando, diziam as pessoas…
    Histórias como essas, verdadeiras ou não, foram aos poucos construindo a fama de Besouro. Que se tornou um mito – e um símbolo da luta pelo reconhecimento da cultura negra no Brasil – nos anos que se sucederam à sua morte.
    Morte que ocorreu, também, num episódio cercado de controvérsias. Sabe-se que ele foi esfaqueado, após uma briga com empregados de uma fazenda. Registros policiais de Santo Amaro indicam que ele foi vítima de uma emboscada preparada pelo filho de um fazendeiro, de quem era desafeto. Já a lenda reza que Besouro só morreu porque foi atingida por uma faca de ticum, madeira nobre e dura, tida no universo das religiões afro-brasileiras como a única capaz de matar um homem de “corpo fechado”.
    E Besouro, o mito, certamente era um desses.

                Link para assistir:http://www.youtube.com/watch?v=7JjFbIRVtB8

    Atabaque Nzinga

    Documentário musical sobre a Cultura Afro Brasileira, cuja estrutura narrativa se traduz por um jogo de búzios, aonde nossa protagonista Ana (Taís Araújo) chega atraída pelo "chamado do tambor" em busca de seu autoconhecimento e seu caminho. Pela estrada da percussão nas locações de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, Ana encontra diferentes ritmos, grupos musicais e coreográficos, experienciando sua integração na sociedade brasileira. O material filmado em Angola, África, onde no séc. XVII viveu e reinou a Rainha Nzinga, guerreira famosa, cujo nome serve de batismo à protagonista do filme, é uma referência e ilustra o passado da história do negro no Brasil.

    Música e Dança Afro-Brasileira

    A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos.
    A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileiras mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada, maxixe, macule lê.
    Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afrodescendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.
    Artistas brasileiros afro-descendentes:



    Receitas de comidas Afro-Brasileiras

    Acarajé
    Ingredientes
    2 kg de feijão fradinho
    3 dentes de alho
    Azeite de dendê para fritar
    Sal a gosto.
    Modo de Preparar:
    Coloque o feijão fradinho de molho em água fria por 4 horas.
    Quando o feijão começar a inchar, lave-o com água fria até soltar toda a casca.
    Moer o feijão sem casca (em moinho especial ou processador) até formar uma massa branca espessa e acrescente o alho previamente moído.
    Aquecer frigideira ou tacho com quantidade suficiente de azeite de dendê para cobrir os bolinhos de acarajé enquanto são fritos.
    Os bolinhos devem ser feitos com uma colher (quantidade de massa que é retirada com uma colher do recipiente)
    Frite em azeite bem quente virando-os uma única vez. Os bolinhos devem ficar com uma tonalidade avermelhada por fora e claro por dentro.
    Sirva com pimenta, vatapá, caruru, camarão seco e salada de tomate verde, cebola e coentro.


    Feijoada
    Ingredientes:
    Ingredientes
    1 Kg de feijão preto
    100 g de carne seca
    70 g de orelha de porco
    70 g de rabo de porco
    70 g de pé de porco
    100 g de costelinha de porco
    50 g de lombo de porco
    100 g de paio
    150 g de linguiça portuguesa
    Tempero:
    2 cebolas grandes picadinhas
    1 maço de cebolinha verde picadinha
    3 folhas de louro
    6 dentes de alho
    Pimenta do reino a gosto
    2 laranjas
    40 ml de pinga Sal se precisar
    1 talo de salsão
    Modo de Preparar
    Coloque as carnes de molho por 36 horas ou mais, vá trocando a água várias vezes, se for ambiente quente ou verão, coloque gelo por cima ou em camadas frias
    Coloque para cozinhar passo a passo: as carnes duras, em seguida as carnes moles
    Quando estiver mole coloque o feijão, e retire as carnes
    Finalmente tempere o feijão
    Acompanhamentos

    Couve, arroz branco, laranja, bistecas, farofa, quibebe de abóbora, baião de dois, bacon, torresmo, linguicinha e caldinho temperado - copinhos.


    Culinária Afro-Brasileira

    A feijoada brasileira, considerada o prato nacional do Brasil, é frequentemente citada como tendo sido criada nas senzalas e ter servido de alimento para os escravos na época colonial. Atualmente, porém, considera-se a feijoada brasileira uma adaptação tropical da feijoada portuguesa que não foi servida normalmente aos escravos. Apesar disso, a cozinha brasileira regional foi muito influenciada pela cozinha africana, mesclada com elementos culinários europeus e indígenas.
    A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, caruru, vatapá e moqueca. Estes pratos são preparados com o azeite-de-dendê, extraído de uma palmeira africana trazida ao Brasil em tempos coloniais. Na Bahia existem duas maneiras de se preparar estes pratos "afros". Numa, mais simples, as comidas não levam muito tempero e são feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidas aos orixás. Na outra maneira, empregada fora dos terreiros, as comidas são preparadas com muito tempero e são mais saborosas, sendo vendidas pelas baianas do acarajé e degustadas em restaurantes e residências.



    Fonte:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_afro-brasileira

    terça-feira, 14 de maio de 2013

    Música Africana

         A África é um continente com um leque enorme de diversidade étnica, cultural e linguística. Uma descrição geral da chamada música africana não seria possível dada a quantidade e variedade de expressões. No entanto, existem semelhanças regionais entre grupos desiguais, assim como as tendências que são constantes ao longo de todo o comprimento e a largura do continente africano.
    A música da África é tão vasta e variada como as muitas regiões, nações e grupos étnicos do continente. Embora não haja distintamente música pan-africana, não são comuns formas de expressões musicais, especialmente no interior das regiões.
          A música do Norte de África e partes da região do Saara têm uma ligação à música do Leste da Europa mais que da metade da África sub-saariana. Além disso, a música e a dança da diáspora africana (música da América Latina e Caribe), como a rumba, salsa, assim como a música dos Afro-americanos, foi inspirada nas várias tradições africanas levadas pelos escravos transferidos a diferentes pontos do mundo.
    Ficheiro:Handdrumming.jpg
    A percussão é significante em toda a África.

    MÁSCARAS AFRICANAS


    • MÁSCARAS AFRICANAS: Máscara. Arte fang. Museu do Homem, Paris.


     

    As máscaras sempre foram as protagonistas indiscutíveis da arte africana. A crença de que possuíam determinadas virtudes mágicas transformou-as no centro das pesquisas. O fato é que, para os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las em benefício da comunidade: na cura de doentes, em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. Serviam também para identificar os membros de certas sociedades secretas.


    • MÁSCARAS AFRICANAS: Máscara de boi com mandíbula móvel. Arte ibibia. Museu do Homem, Paris.


     

    Em geral, o material mais utilizado foi a madeira verde, embora existam também peças singulares de marfim, bronze e terracota. Antes de começar a entalhar, o artesão realizava uma série de rituais no bosque, onde normalmente desenvolvia o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara no rosto. A máscara era criada com total liberdade, dispensando esboço e cumprindo sua função. A madeira era modelada com uma faca afiada. As peças iam do mais puro figurativismo até a abstração completa.




    • MÁSCARAS AFRICANAS: Máscara de dança. Arte ioruba-nagô. Museu do Homem, Paris.
     


    Quanto à sua interpretação, a tarefa é difícil, na medida em que não se conhece sua função, ou seja, o ritual para o qual foram concebidas. Os colonizadores nunca valorizaram essas peças, consideradas apenas curiosidade de um povo primitivo e infiel. Paradoxalmente, a maior parte das obras africanas encontra-se em museus do Ocidente, onde recentemente, em meados do século XX, tentou-se classificá-las. Na verdade, os historiadores africanos viram-se obrigados a estudar a arte de seus antepassados nos museus da Europa.

    • ARTE AFRICANA: Máscara. Arte pendê. Museu da África Central, Tervuren.

     

    O auge da arte africana na Europa surgiu com as primeiras vanguardas, especificamente os fauvistas e os expressionistas. Estes, além de reconhecer os valores artísticos das peças africanas, tentaram imitá-las, embora sempre sob a ótica de suas próprias interpretações, algo que colaborou em muitos casos, para a distorção do verdadeiro sentido das obras. Entre as peças mais valorizadas atualmente estão, apenas para citar algumas, as esculturas de arte das culturas fon, fang, ioruba e bini, e as de Luba.



    • ARTE AFRICANA: Rosto de uma cabeça de duas faces. Arte ibibia. Coleção Hélène Kamer, Paris.
     

    O fato de os primeiros colonizadores terem subestimado essas culturas e considerado essas obras meras curiosidades exóticas, provocou um saque sem sentido na herança cultural desse continente. Recentemente, no século XX, foi possível, graças à antropologia de campo e aos especialistas em arte africana, organizar as coleções dos museus europeus. Mas o dano já estava feito. Muitos objetos ficaram sem classificação, não se conhecendo assim seu lugar de origem ou simplesmente ignorando-se sua função.